Instituto dos Cegos do Estado de Mato Grosso – ICEMAT

Título:  Educação Ambiental para o enfrentamento dos riscos de desastres entre Pessoas com Deficiência Visual.

Objetivos: Identificar e compreender as dimensões de vulnerabilidade entre as pessoas com deficiência visual (PcDV), cartografando as suas representatividades sobre o fenômeno climático, e tendo a escola como espaço-referência à inclusão.

Público envolvido: De modo geral, o projeto beneficiou 100 PcDV diretamente atendidas pelo Instituto dos Cegos do Estado de Mato Grosso (ICEMAT), público este constituído por pessoas adultas que frequentam desde o ensino regular na escolas públicas municipal e estadual da capital mato-grossense, ao ensino superior. Também foram incluídas PcDV que atuam na Associação Mato-grossense dos Cegos (AMC).

Atividades realizadas:  Dentro da escola (Novembro/2017 a Julho/2018) Inicialmente, realizamos o reconhecimento prévio do local de execução do projeto, e seu entorno, bem como do perfil dos participantes, da equipe gestora e de docentes do ICEMAT, acompanhando a dinâmica de trabalho da escola, seus projetos e atividades em andamento, e identificando informações relevantes sobre as especificidades das PcDV atendidas pela instituição. Concomitantemente, apresentamos a proposta do projeto à toda equipe do ICEMAT, seus objetivos e resultados esperados, o que nos permitiu o devido apoio da instituição para as etapas seguintes, que incluiu a realização do “Seminário Educação Ambiental, Justiça Climática e as Pessoas com Deficiência Visual”, realizado em 25 de outubro de 2018, no ICEMAT. Especialmente durante este seminário, processos dialógicos e atividades práticas sensoriais nos permitiram compreender o que as pessoas cegas e com baixa visão sabem sobre a atual crise climática, quais os meios e condições de acesso à essas informações, associando-se o contexto dos riscos de desastres e as condições de vulnerabilidade do grupo.
Fora da escola
– Estudo bibliográfico e levantamento de informações sobre as áreas de risco em Cuiabá, junto ao Núcleo de Proteção e Defesa Civil de Cuiabá – NUPDEC e, também, ao Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden, e a Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais – CPRM, órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia (MME);
– Realização do georreferenciamento das residências de algumas PcDV atendidas pelo ICEMAT e na AMC e, ainda, 42 escolas públicas estaduais com estudantes cegos e com baixa visão matriculados em 2019. Não tendo obtido informações sobre o atendimento de PcDV na rede municipal de ensino de Cuiabá, optamos por georreferenciar as 56 creches e 81 escolas, conforme relação disponibilizada no site da Prefeitura Municipal de Cuiabá;
– Construção de 03 mapas de áreas de risco a enchente e inundação na região metropolitana de Cuiabá, com as informações do georreferenciamento;
– Reuniões com o Juizado Volante Ambiental de Mato Grosso (JUVAM), e a Vara Especializada do Meio Ambiente do Ministério Público de Mato Grosso, parceiros que financiaram recursos para a realização do seminário;
-Participação em uma oficina de áudio-descrição e adaptação de materiais pedagógicos inclusivos, o que contribuiu para a confecção de um mapa tátil. A adaptação em relevo do material cartográfico, possibilitou a acessibilidade das informações contidas no mapa das áreas de risco de Cuiabá, e a localização de algumas pessoas com de¦ciência visual, a
AMC e o ICEMAT.

Resultados:  Mais do que incentivar a cultura de prevenção de risco de desastres entre PcDV, aproximando escola e órgãos como a Defesa Civil Municipal, a realização do seminário permitiu a sensibilização da população cuiabana, das instituições e gestores governamentais, sobre os processos que levam a situações de vulnerabilidade e consequente exposição das PcDV aos riscos de desastres. A experiência com este público nos parece inédita no Brasil, inaugurando um cenário mais inclusivo, seja na gestão e planejamento de risco de desastres, como no campo científico sobre as mudanças climáticas, evidenciando meios de enfrentamento das injustiças climáticas entre essas pessoas. Fundamentalmente, destacamos o caráter inclusivo que concedeu visibilidade às potencialidades das pessoas cegas e com baixa visão, que muito têm a contribuir nas políticas públicas voltadas redução do risco de desastres, frente aos efeitos nocivos do desequilíbrio climático. Considerando que o projeto também incluiu pessoas videntes que atuam no ICEMAT, na AMC, acreditamos ter fortalecido essas instituições enquanto espaço-referência à inclusão.

Outras informações: A experiência deste projeto não deixa dúvidas da importância de sua continuidade que, possivelmente, pode se constituir em um Projeto de Extensão da Universidade Federal de  Mato Grosso (UFMT), por meio do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA/UFMT), e a Rede Internacional de Pesquisadores em Educação Ambiental e Justiça Climática (REAJA). Além disso, a Secretaria Adjunta de Proteção e Defesa Civil do Estado de Mato Grosso já articula ações mais efetivas voltadas à prevenção do risco de desastres, em parcerias com o setor educacional, e a Defesa Civil Municipal. Inclusive, a referida Secretaria realizou o 1º Seminário Mato-grossense sobre Redução do Risco de Desastres nos dias 30 e 31 de outubro, em Cuiabá. O Juizado Volante Ambiental de Mato Grosso (JUVAM) e o Ministério Público de Mato Grosso (MPE), assumem importante papel neste trabalho, e já sinalizam positivamente à continuidade da parceria.

 

 

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