UFJF – E. M. Professor Augusto Gotardelo – Juiz de Fora/MG

NASFE-Educação

 

 

 

Tendo em vista que a cidade de Juiz de Fora tem recorrentes problemas relacionados a desastres naturais, o projeto de extensão NASFE-Núcleo de Atendimento Social da Faculdade de Engenharia, da Universidade Federal de Juiz de Fora, viu a necessidade da criação de um Projeto educacional voltado para esse tema que ainda tem pouca visibilidade, denominado NASFE-Educação e que, em parceria com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Defesa Civil de Juiz de Fora e o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DEMLURB) de Juiz de Fora, busca instruir a população para que problemas habitacionais possam ser evitados, melhorando a qualidade de vida da  população.
Havendo como motivação a campanha realizada pelo CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a qual lança o projeto CEMADEN EDUCAÇÃO com o tema “Água [D+ ou D-] = Desastre?”, o NASFE-Educação propõe colaborar com as escolas da rede Pública de Educação orientando os alunos sobre as questões das chuvas, que são recorrentes na região de Juiz de Fora, salientando os benefícios e os malefícios que ela pode trazer.
Temos como objetivo levar o conhecimento técnico acadêmico para além dos limites da universidade, conscientizando um público diferenciado por meio de palestras, cartilhas e dinâmicas de prevenção contra acidentes causados por chuvas excessivas na sociedade. Será proposta a montagem de um equipamento artesanal para a medição de chuva junto com os alunos do quinto ano do ensino fundamental. Com a prática proposta, espera-se alcançar, como consta na Lei Federal 12608 Art.42-B, a “definição de diretrizes e instrumentos específicos para proteção ambiental e do patrimônio histórico e cultural” pelos alunos.
As atividades do NASFE-Educação se iniciaram no segundo semestre de 2017, onde foram feitos  planejamentos das visitas e definição da escola que iria receber  o projeto. Contudo, já no primeiro semestre de 2018 iniciaram-se as atividades na definida Escola Municipal Professor Augusto Gotardelo.

O NASFE-Educação é um programa de extensão inicialmente direcionado às crianças do 5°ano da Rede Pública de Ensino, e o trabalho na Escola Municipal Professor Augusto Gotardelo atendeu duas turmas de quinto ano, somando quarenta alunos. O programa também conta com participações em eventos da Universidade Federal de Juiz de Fora, como  Domingo no Campus, onde atende um público diverso pois é um evento que abrange toda a comunidade .

Encontros mensais são realizados com as crianças do ensino fundamental. Estes encontros têm como finalidade despertar o interesse dos alunos em relação ao tema abordado e, assim, se faz necessária inicialmente uma apresentação da equipe prosseguida de atividades teóricas e práticas. Com o intuito de identificar, conhecer e divulgar as causas dos desastres ambientais ocasionados pelas chuvas nas proximidades da escola e também nos locais onde residem as crianças. Os envolvidos no projeto propõem atividades interativas divididas por etapas, com metas a serem cumpridas pelas crianças..
Foram realizadas cinco visitas. Na primeira, foi realizada uma palestra na qual foram abordados cinco temas: enchentes, deslizamentos, desmatamento, queimadas e lixo, temas esses que estabelecem relação com a falta ou excesso de água nas áreas urbanas, além de salientar a questão do lixo urbano como um agravante de muitos desastres ambientais. Essa palestra foi acompanhada de um filme infantil para uma melhor fixação do conteúdo.
Já na segunda visita, enfatizamos a temática do Cemaden “Água [D+ ou  D-] = Desastre? ”, explicando  para os alunos a importância do instrumento principal do projeto, o pluviômetro artesanal. O pluviômetro é um equipamento utilizado para medir a quantidade de chuva diariamente por meio de  leituras da altura de água precipitada. Sendo assim, orientados pela equipe NASFE-Educação, os alunos construíram cada um, um pluviômetro artesanal feito de garrafa pet. Levaram para suas respectivas casas, juntamente com uma tabela onde anexaram as informações de leituras coletadas do pluviômetro. Nesse mesmo dia, contamos com a participação do Corpo de Bombeiros de Juiz de Fora, com uma palestra sobre combate a incêndio, explicitando o fato de que períodos menos chuvosos são mais propensos a queimadas e incêndios.
Na terceira visita, contamos com a participação da Defesa Civil de Juiz de Fora que explicou a importância de seu papel na sociedade e enfatizou as questões já abordadas nos encontros anteriores, sempre relacionando o tema da água a fatores de riscos ambientais e desastres naturais. O Corpo de Bombeiros também esteve mais uma vez presente e apresentou uma palestra voltada para acidentes domésticos. Nesse dia também foi proposto para as crianças que fizessem um desenho que representasse aquilo que mais aprenderam e chamou atenção ao longo dessas 3 visitas realizadas, além de escreverem uma carta pedindo melhorias para a comunidade. Os trabalhos desenvolvidos foram apresentados pelos alunos e puderam expor suas opiniões perante todos os demais colegas.
Depois dessas três visitas de cunho mais expositivo, nosso projeto seguiu com uma quarta visita onde realizamos uma gincana. Nessa gincana, separamos as crianças em quatro equipes para que elas realizassem um circuito onde deveriam resolver as atividades contidas nele. A primeira brincadeira proposta foi a organização de uma cidade, representada em maquete, propondo o entendimento das crianças sobre o que é visto como certo ou errado ao se tratar de preservação do meio ambiente. A maquete tinha vários lixos espalhados pelas ruas e rios, bem como uma floresta com queimadas. Cada criança responsável tinha que identificar os erros presentes e ajudar a consertá-los. Os tutores (membros do NASFE-Educação) contavam histórias em cima do tema “poluição” para estimular o interesse e a criatividade das crianças. A segunda e a terceira brincadeiras foram relacionadas à separação do lixo reciclável e à questão da água, sua falta ou excesso. A primeira contava com 5 caixas com as cores das lixeiras de coleta seletiva (vermelho para plástico, verde para vidro, azul para papel, amarelo para metal e marrom para lixo orgânico) e diversas imagens de materiais recicláveis diferentes e misturados. O papel das crianças era identificar nas fotos em qual caixa aquele material deveria ser jogado. A outra também foi feita com imagens e duas caixas, uma identificada como “ÁGUA D+” e a outra como “ÁGUA D-”, fazendo referência ao tema da campanha do Cemaden Educação de 2018 (“Água [D+ ou D-] = Desastre?”). Neste caso, as crianças deveriam identificar nas fotos se o desastre ambiental ali retratado se era causado pela falta de chuvas ou pelo excesso de chuvas. A quarta e a quinta atividades foram relacionadas às enchentes e deslizamento, onde as crianças deveriam tirar casinhas feitas de papelão de lugares de risco. Já a sexta brincadeira foi relacionada às queimadas, e as crianças deveriam acertar o alvo, que eram fogos feitos de papelão e papel celofane. A sétima e última brincadeira foi um quebra-cabeça com a imagem do Nasfito, mascote do projeto NASFE-Educação.
Após as atividades do circuito seguimos com a participação de nossas parcerias, contando também com a presença da DEMLURB, que apresentou para os alunos um teatro de fantoches, abordando a temática do lixo, seguido de um quiz de perguntas e respostas direcionadas às equipes. A Defesa Civil propôs para as equipes a criação de um grito de guerra relacionado com os assuntos abordados durante as visitas e por fim tivemos a apresentação do Corpo de Bombeiros que realizou uma exposição dos materiais utilizados no combate a incêndios e queimadas, além de levar o mascote “Foguinho” para animar o ambiente e as crianças. Para finalizar, o NASFE-Educação elegeu quatro crianças que mais se destacaram para serem os “Nasfianos Mirins”, e responsáveis pelo incentivo das boas práticas ambientais na escola.
A quinta visita teve a finalidade de encerramento do projeto nessa escola. Aplicamos questionários para os alunos, a fim de entendermos o impacto do projeto na vida de cada um e na comunidade no geral. Propomos também às professoras e coordenadoras de classe, um pequeno texto expondo suas visões sobre o trabalho aplicado pelo Núcleo, a importância de práticas relacionadas a questões ambientais na formação de crianças, segundo uma perspectiva pedagógica.  Tendo em mãos essas pesquisas, o NASFE-Educação pode iniciar um trabalho de avaliação de qualidade de suas atuações, ainda em andamento, analisando a receptividade do seu público, os pontos positivos e os pontos de melhora de suas atividades, bem como o impacto gerado pelas mesmas em  diversas esferas. Nesta última visita, ainda, gravamos um pequeno vídeo com os “Nafianos Mirins”, em que eles apresentam seus pontos de vista sobre o projeto, suas expectativas e responsabilidades diante do meio ambiente e da sociedade. Este vídeo, ainda em edição, será utilizado como divulgação do projeto nas redes sociais do núcleo e é uma proposta para todas as escolas atendidas pelo NASFE posteriormente, sendo também uma oportunidade de demonstrar a consolidação de meses de atividades e dedicação.
Além dessas atividades realizadas na Escola Municipal Professor Augusto Gotardelo, também participamos de eventos como o Domingo no Campus, que é  um projeto de extensão da UFJF que proporciona lazer para pessoas de várias idades. O referido evento ocorre aos domingos, geralmente um por mês, das 9h às 13h e conta com ampla programação, como projeto de musicalização, atividades de bordado, resgate de brincadeiras populares, ginástica para a terceira idade, contação de histórias entre outros. No segundo semestre de 2018 o NASFE-Educação realizou sua primeira participação no Domingo no Campus, onde tivemos a oportunidade de trabalhar questões ambientais com um público mais amplo e diversificado, diferente do ambiente escolar, onde atendemos apenas crianças do quinto ano da rede pública de ensino. A proposta do Núcleo nesse projeto é transmitir o conhecimento a partir de atividades lúdicas e interativas com a temática ambiental. No nosso primeiro contato, utilizamos alguns materiais que já haviam sido experimentados em outro momento, a fim de conhecer o novo ambiente e entender a recepção do novo público.

Ao longo das visitas realizadas, observou-se o envolvimento, não só dos alunos que mostraram um total interesse no projeto, fazendo perguntas e contando experiências já vivenciadas, mas também de toda a comunidade escolar, alunos de outras turmas, professoras e coordenadoras, que apontaram a importância de despertar a conscientização sobre riscos de desastres naturais e suas prevenções, ainda na infância. Apontaram, também, que os alunos envolvidos traziam os assuntos abordados pelo projeto à tona, mesmo na ausência do NASFE, além de corrigirem os colegas ao verem um comportamento divergente do que tinham aprendido..
Considerando que essas crianças assistidas se encontram em estado de vulnerabilidade social, procuramos entender melhor o impacto causado pelo projeto em suas vidas e na comunidade em geral. Dessa forma, foram aplicados questionários em sala de aula, onde, em um primeiro momento, observou-se, dentre outros problemas, questões como moradias precárias e em locais vulneráveis, famílias numerosas habitando na mesma casa, grande falta de recursos e serviços básico de infraestrutura e, principalmente, a falta de instrução sobre assuntos tão importantes do ponto de vista ambiental e da própria segurança de suas famílias.
Vê-se a importância de um projeto como esse nas escolas públicas, pois além do conhecimento transmitido, é aberto um espaço de diálogo  para que essas pessoas explicitem suas demandas e haja a possibilidade de trabalhar no contexto em que vivem. Para os estudantes da Universidade, o projeto é fundamental para se estabelecer um contato e um envolvimento com a sociedade, de forma a entender diferentes realidades e pensar em maneiras de utilizar suas futuras profissões na solução dos mais diversos obstáculos.

Outras informações:Esse projeto foi uma oportunidade de agregar uma ação extensionista  da UFJF com a comunidade escolar e órgãos públicos como  Corpo de Bombeiros, Defesa Civil de Juiz de Fora e Departamento de Limpeza Urbana de Juiz de Fora – Demlurb onde pudemos notar a importância da aproximação da comunidade com o ambiente acadêmico. Visto que este é um espaço privilegiado onde se adquire conhecimentos específicos e extracurriculares, a disseminação desse conhecimento pelos discentes é extremamente importante, pois se põem em prática a teoria, gerando experiências que não podem ser adquiridas apenas em sala de aula, além de ser possível retornar à comunidade aquilo que foi aprendido.
Para a realização do projeto em novas escolas, pretende-se permanecer com esse trabalho contínuo, realizando no mínimo quatro visitas focadas em temáticas ambientais, com apresentação de palestras, dinâmicas, distribuição de cartilhas e culminando em uma gincana final sempre no considerando a realidade da comunidade participante.. Almeja-se também, uma maior interação com a família dos alunos assistidos.
Dentro das visitas  a serem realizadas, propõe-se as seguintes novas ações: corrida para o mapeamento das áreas de risco com a utilização de mapa ilustrativo da região do colégio, trabalhando a percepção dos riscos ambientais; aplicação de avaliações para a obtenção de resultados qualitativos e quantitativos e consolidação das parcerias realizadas para possibilitar uma aproximação dos órgão públicos junto com a Universidade e comunidade.

 

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